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Natal - a época em que é suposto estarmos felizes?




NATAL

Época de união, de juntar a família à volta da mesa, de estar com aqueles que amamos.

Época onde é suposto sentirmo-nos alegres, felizes e vibrar com Natal...?


Confesso: não gosto do Natal. (e não, não sou o Grinch.)


Não gosto do Natal porque ele faz-me sentir "incompleta", faz-me sentir uma saudade imensa da minha família, faz-me sobretudo, sentir triste.


Mas não foi sempre assim.

Quando era criança, o Natal era das épocas que eu mais adorava! Havia uma família (e um cão) que se sentava à volta da mesa, longos jantares e almoços onde se ouviam histórias de família, seguidos de filmes portugueses antigos ou jogos de tabuleiro.

O meu pai era das pessoas que mais vibrava com o Natal, enfeitava tudo e mais alguma coisa, nem o limoeiro do jardim escapava... luzes nele também!


Mas tudo isto deixou de existir quando o meu pai morreu no dia 22 de Dezembro.

Desde então, o Natal, traz-me tristeza, há cerca de 27 anos.

Pouco tempo da morte do meu pai, deu-se a morte da minha mãe, e uns anos depois, dá-se a partida da minha avó e do meu avô.

E assim, nos anos seguintes, o Natal era passado apenas com minha avô paterna - a avó Vina.


Recordo particularmente um jantar de Natal em casa da minha avó, apenas nós as duas - na mesma mesa onde já tínhamos sido sete pessoas - reinava paz e amor nesse jantar, no entanto sentia-se um duro silêncio (apesar da música), e um peso que pairava: o peso da ausência, o peso da saudade.


E porque vos conto isto?


Para que no Natal pensemos um pouco mais no outro e que respeitemos as suas "dores". O Natal pode ser duro e triste para algumas pessoas, não é obrigatoriamente uma época feliz para todos.


Durante muitos anos senti-me mal com a tristeza que eu sentia no Natal, porque era suposto eu estar feliz e gostar das cantilenas de Natal e vibrar com tudo o que envolve o espírito natalício, mas isso simplesmente não acontecia.

Hoje, aceito a minha tristeza (aprendi a aceitá-la, a abraçá-la).

Faço árvore de Natal, presépio, biscoitos de Natal, porque quero que a minha filha cresça com isso, no entanto não lhe escondo as lágrimas quando elas por vezes surgem e explico-lhe porque me sinto por vezes triste. É assim que quero que ela cresça, a entender que todos temos circunstâncias diferentes e por isso, uma época supostamente feliz para todos, pode não ser para alguns de nós (e está tudo bem).


O Natal é sobretudo uma época para nos relembrar como deveríamos ser todo o ano - solidários, calorosos e mais presentes na vida daqueles que gostamos.

E sim, pode ser um cliché, mas estar presente é o melhor presente que podes dar àqueles que amas. Visita aqueles familiares que já não te vêm há mais tempo, sobretudo os mais idosos (pois normalmente passam mais tempo sozinhos) ouve as histórias que eles têm para te contar (mesmo que já as tenhas ouvido mais vezes), dá-lhes o teu tempo, a tua atenção.

O melhor presente do mundo é este.

Dar o nosso tempo a alguém.


Feliz Natal .





















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