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E tu, tens medo de mudar?




Há muito tempo que não escrevo no blog estive ausente porque precisava de cuidar de mim.

Estes últimos meses foram uma verdadeira revolução na minha vida, mudança, foi a palavra de ordem.

Mudei de cidade, separei-me e mudei de casa, mas não foi uma mudança de casa qualquer, foi uma mudança que exigiu um trabalho interno de desapego fortíssimo, de entender e cuidar da minha criança interior, e de empoderamento pessoal, assumindo a minha fortaleza enquanto mulher e mãe.

Desprendi-me de uma casa que estava na minha família há muitos anos. Três gerações viveram naquele lugar, no entanto eu já não era feliz ali. As memórias de dor e de conflito eram mais fortes do que as memórias felizes e por isso eu sentia-me densa e pesada. Ali, eu era uma Maria João diferente, mais contida, mais séria, excessivamente responsável e por vezes pouco descontraída.

Demorei tempo para ganhar coragem de dar este passo, uma vez que o peso da decisão assentava inteiramente em mim.

Perguntaram-me diversas vezes se tinha pensado bem no que ia fazer, e até se não tinha medo de me arrepender mas havia uma força e uma voz dentro de mim que me dizia para seguir em frente e ouvir o meu coração, até porque prefiro fazer algo e arrepender-me do que ficar uma vida a pensar: “como teria sido se eu o tivesse feito…”.

Apesar de minha certeza interna foi um processo duríssimo. Durante vários meses chorei quase todos os dias e assumo que tive receio de estar a dar um passo na direcção errada. Chorei porque era uma casa ainda recheada de coisas dos meus pais e avós (que já não estão neste plano), uma casa com memórias de uma família. Durante as arrumações, encontrei cartas de amor entre os meus pais, postais de aniversário dos meus avós para mim, fotografias antigas de momentos felizes que vivemos juntos… e mexer em tudo isso ativou ligações emocionais muito fortes, sinto que me conectei com todas as pessoas da minha família que viveram ali - bisavós, avós e pais.


Senti que fiz uma morte e um renascimento.

Senti que o meu processo de luto elevou-se outro nível.

Senti que este passo de libertação já deveria ter sido dado há mais tempo. (Mas acredito tudo tem o seu momento certo na vida.)


E porque vos conto tudo isto?

Para que o medo nunca vos impeça de voar e de rumar em direção à vossa felicidade.

Porque desapegar-me desta casa foi muito duro, demorei meses a reerguer-me, no entanto foi libertador a muitos níveis, e todos os dias sinto que tomei a decisão certa porque me sinto em paz como não me sentia há muito tempo.

Porque sou verdadeiramente feliz na nova casa.

Porque renasci mais uma vez.

Porque estou a construir memórias do zero num sítio novo que me traz harmonia e tranquilidade.


Por isso se estás numa situação semelhante, ouve a tua intuição e o teu coração. Acredita que eles sabem o caminho certo.

Pode custar? Sim.

Pode doer? Sim.

Pode levar-te ao limite? Sim.

Mas acredita que vai valer a pena.


Por vezes o caminho para atingir o que desejamos não é linear. E enquanto escrevo este artigo, lembro-me daquelas praias selvagens de difícil acesso, por vezes o caminho tem espinhos, subidas íngremes, pedregulhos e imprevistos, mas quando alcanças a praia e contemplas a sua beleza e observas como te sentes nesse sítio maravilhoso, dás-te conta que valeu a pena todas as dificuldades que passaste para chegar ali.


Não tenhas medo de sofrer, quase sempre a mudança traz algum tipo de sofrimento.

Quando mudamos rompemos padrões e criamos novos caminhos, aos quais nos temos que adaptar.

Mudar é exigente, por isso resistimos.

E se o medo persistir, pensa que (em princípio) só vives uma vez, e tu, vieste aqui para ser feliz.

A felicidade deve ser o teu farol.

Faz por isso, tu mereces ser feliz.

Então vai em frente, concretiza, faz acontecer, acredita que vai valer a pena.

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