No início de Julho, quando fui de férias com a minha filha, decidi apagar as redes sociais do meu telemóvel. Foi tão bom, que fiquei quase um mês e meio sem Instagram no telemóvel.
Perdi a alienação do scroll e ganhei em tudo.
Sinto que me conectei e vivi em maior verdade.
Li mais (muito mais), estudei, fiz longas caminhadas na natureza, estive com amigos e com pessoas que me são queridas, e no fundo, estive sobretudo mais presente em tudo o que fiz.
Não estar em permanente contacto com uma rede social, permite-nos apreciar, com presença e plenitude, tudo o que acontece no nosso dia.
Posamos o telemóvel e fotografamos com o nosso olhar, nutrindo a nossa alma com o desfrute pleno daquele lugar, daquele momento, daquela luz.
Dizer não às redes sociais, é dizer sim a nós próprios.
Estarmos desconectados das redes, é estarmos mais conectados conosco.
Criamos deste modo, tempo e espaço para nos ouvirmos, para ver como nos sentimos, para imergirmos em nós.
Passar tempo de qualidade conosco é fundamental, e há estudos recentes que comprovam isso mesmo. Um estudo publicado no British Journal of Social Psychology(*), concluiu que passar tempo sozinho (que é diferente de solidão) é fundamental para o equilíbrio emocional e psicológico.
Outra coisa que me fascina quando estou de férias e ausente das redes sociais é que o tempo parece “elástico”, as horas são maiores, mais lentas, quase lânguidas.
Permitir-me desfrutar dessa lentidão reduz-me a ansiedade, que é na maioria das vezes causada pelo ritmo frenético das publicações, pelo bombardeamento de informação e pela sensação de que estou sempre a “perder algo”.
Ausentar-me das redes sociais aumentou a minha capacidade de foco e de realização, assim como a capacidade de lidar melhor com o tédio.
Sabiam que o tédio pode ser benéfico para a criatividade?
O “nada” fomenta processos criativos. Do “nada” surgem grandes ideias, porque estamos a dar silêncio e espaço para a criação emergir.
Em suma, estarmos mais presentes, mais conscientes, mais disponíveis, é fundamental para estarmos em equilíbrio, porque desconectados de nós próprios, somos como um barco à deriva.
(*) Luo M, Pauly T, Röcke C, Hülür G. “Alternating time spent on social interactions and solitude in healthy older adults.”
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