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Foto do escritorMaria João Lopes

Aprende a proteger-te dos efeitos nocivos da radiação ionizante.


como proteger o nosso corpo da radiação ionizante

O tema da radiação é algo que me toca particularmente, não só porque a minha mãe fez radioterapia, mas também porque já fui sujeita a dois tratamentos com iodo radioactivo. E porque vos conto isto? Porque depois dos tratamentos, tomei diversos suplementos (plantas medicinais, algas, vitaminas) e alimentos, que me ajudaram a eliminar mais rápido a radiação do corpo, assim como a reparar alguns dos danos celulares causados pela radiação ionizante.


O que eu não fiz na altura (estamos sempre a evoluir e a aprender) e que faria agora, foi proteger o meu organismo antes do tratamento radioativo. E é sobretudo por isso que escrevo este artigo, para difundir esta mensagem tão importante, e que está cientificamente comprovada por diversos estudos, mas que no entanto é pouco, ou nada, abordada por profissionais de saúde.


Exposições prolongadas ou repetidas a doses baixas de radiação ionizante podem levar a efeitos crónicos, podendo causar danos ao ADN das nossas células, cancro, mutações genéticas, doenças cardiovasculares e catarata ocular.


Vamos então voltar às aulas de física para uma breve introdução (tenham calma e continuem a ler que eu prometo que é mesmo breve! ).


Existem dois tipos de radiação: ionizante e não ionizante. 

Estas podem ser classificadas com base nas suas propriedades físicas e na capacidade de ionizar átomos. A radiação ionizante tem energia suficiente para remover electrões de átomos, o que pode causar danos à matéria, especialmente aos organismos vivos.

E é precisamente a radiação ionizante que nos interessa, uma vez que o corpo humano é capaz de reparar alguns danos causados pela exposição a esta, no entanto, a exposição contínua pode aumentar o risco de várias doenças. 



Mas em que consiste este tipo de radiação?


A radiação ionizante pode ter diversas fontes:


  • Naturais: radão (1) e raios cósmicos (2)


  • Artificiais: actos médicos (raios-X, tomografia computadorizada, radioterapia, etc); energia nuclear e fontes industriais.


Um dado de extrema importância é que certas pessoas estão mais expostas à radiação ionizante devido à natureza do seu trabalho.

Exemplos:


  • Pilotos, assistentes de bordo e pessoas que viajem de avião com muita frequência (exposição à radiação cósmica, especialmente em voos de grandes altitudes ou longas distâncias);


  • Profissionais de saúde de trabalhem com radiação ionizante (radiologistas, técnicos de radiologia e radioterapia, etc);


  • Engenheiros e técnicos de radiografia industrial;


  • Trabalhadores de centrais nucleares e minas de urânio.




Podemos proteger o nosso organismo da radiação ionizante?


Quando evitá-la não é uma opção, sim, podemos proteger e ajudar a reparar as nossas células do efeito nocivo da radiação através da alimentação, de plantas medicinais, e suplementação,


Assim, da próxima vez que fizerem uma TAC ou um raio-X , ou até um voo de longo curso, podem proteger o vosso organismo antes da exposição à radiação com alguns dos elementos naturais que menciono a seguir.


No caso de terapia com iodo radioactivo ou radioterapia, recomendo uma orientação personalizada, não convém tomar nada antes dos tratamentos sem o prévio conhecimento do profissional de saúde.


E já agora, deixo aqui um conselho: peçam um protector de tiróide (para vocês e sobretudo para as crianças) cada vez que fizerem um exame que envolva radiação ionizante (raio-X, TAC, ortopantomografia, etc). A tiróide é um órgão particularmente sensível à radiação, e a exposição excessiva pode aumentar o risco de desenvolvimento de cancro de tiróide.




Radioprotetores de origem natural:



  1. Angelica sinensis (Dong quai)

  2. Centella asiatica (Gotu Kola)

  3. Clorofilina 

  4. Curcuma longa (Cúrcuma)

  5. Ganoderma lucidum (Reishi) 

  6. Glycyrrhiza glabra L. (Alcaçuz)

  7. Ginkgo biloba L.

  8. Minerais: Selénio, zinco e manganês

  9. Melatonina 

  10. Mentha x piperita L. (Hortelã-pimenta)

  11. Própolis

  12. Rosmarinus officinalis (Alecrim)

  13. Sesamum indicum (Sésamo)

  14. Vitaminas: A, C e E




  1. Angelica sinensis (Dong quai)


Utilizada sobretudo para questões de saúde feminina em Medicina Tradicional Chinesa, esta planta medicinal apresentou capacidade radioprotectora dos leucócitos e de prevenção de fibrose pulmonar (efeito secundário da radioterapia no tórax). Num estudo em 88 mulheres com cancro de mama - que receberam quimio e radioterapia - a administração desta planta melhorou o sistema imunitário das participantes, fazendo com que existisse uma menor redução dos leucócitos e neutrófilos. (3)



  1. Centella asiatica (Gotu Kola)


Bastante conhecida sobretudo pelas mulheres pela sua acção ao nível da circulação, retenção de líquidos e celulite, esta planta medicinal foi estudada em casos de radioterapia e demonstrou redução dos danos causados na pele pela radiação - devido à sua capacidade anti-inflamatória - assim como protecção hepática e do ADN (testes in vitro e in vivo). (3)



  1. Clorofilina 


Trata-se de uma substância solúvel em água equivalente à clorofila. Os estudos indicam que possui propriedades: “anticancerígenas” (por ser indutora de apoptose em células cancerígenas), antioxidantes, e moduladora do transporte de carcinógenos.

O seu efeito radioprotetor foi estudado in vitro, tendo-se observado que protegeu as membranas mitocondriais dos danos causados ​​pela radiação gama (5). Da mesma forma, também protegeu as células da medula óssea da radiação gama (6).



  1. Curcuma longa (Cúrcuma)


Popular na culinária indiana, e muito usada na Ayurveda, a cúrcuma tem ganho um papel de destaque no ocidente pelas suas propriedades terapêuticas. Entre diversos princípios destaca-se a curcumina, que é o polifenol mais abundante no rizoma da Curcuma longa. 

A  curcumina tem um efeito radioprotector importante devido às suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, de reparação do ADN e de modulação das vias de sinalização celular. (3)(7)

Ao ter uma biodisponibilidade baixa quando ingerida oralmente, é importante que seja consumida juntamente com um pouco de pimenta, uma vez que a piperina (componente da pimenta) aumenta cerca de 1000 vezes os níveis de curcumina no sangue.



  1. Ganoderma lucidum (Reishi) 


Conhecido pelo nome de Reishi, o Ganoderma lucidum é um cogumelo medicinal utilizado através da  Micoterapia em medicina natural, pelas suas amplas propriedades benéficas para a saúde. As suas propriedades antitumorais e imunomoduladoras já são conhecidas, mas este cogumelo medicinal tem também capacidade de protecção celular perante radiação ionizante (3)(12)(15) e também quimioterapia.

Os resultados dos estudos indicam que a actividade antioxidante do Reishi preveniu danos no ADN causados pela radiação, mesmo quando tomado em baixas concentrações. Deverá começar a ser tomado cerca de 1 semana antes da exposição à radiação.



  1. Glycyrrhiza glabra L. (Alcaçuz)


Quem já bebeu uma infusão da Yogi Tea certamente que já se deparou com um sabor adocicado… ora bem, ele é dado pela raíz desta planta: alcaçuz.

A raíz de Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra L.) possui um princípio activo - glicirrizina - que é conhecido pelas suas propriedades anti-inflamatórias, antimicrobiana e expectorante.

A glicirrizina, tem capacidade de reduzir as rupturas cromossómicas de ADN e de proteger o dano celular causado pela radiação nos leucócitos e células da medula óssea. (3)



  1. Ginkgo biloba L.


Esta árvore medicinal, ficou “famosa” por resistir à onda de radioatividade após o bombardeamento atómico de Hiroshima. E por isso, não é com surpresa que vários estudos demonstram que os extratos de Ginkgo biloba podem reduzir os efeitos nocivos do stress oxidativo causado pela radiação de diferentes formas, assim como proteger as células (com redução do dano genético) e aumentar a nossas enzimas antioxidantes.

Um estudo realizado com doentes com hipertiroidismo que iam receber terapia com iodo radioactivo, demonstrou que o Ginkgo biloba (administrado em extrato) - 3 dias antes da terapia e até 30 dias depois da mesma - foi eficaz na redução do dano genético induzido pela radiação. (3)



  1. Minerais: selénio, zinco e manganês


Estudos (in vitro e in vivo) de diferentes oligoelementos, como o selénio, zinco e o manganês, como protetores de radiação ionizante, (10) (3) demonstraram um aumento significativo na taxa de sobrevivência, assim como um alto nível de proteção frente à irradiação no intestino delgado e nas glândulas submandibulares.

No que diz respeito à medula óssea, estudos realizados 30 dias após a exposição revelaram uma melhoria significativa na reposição celular da medula óssea.

Para um efeito radioprotetor é aconselhável que sejam tomados antes da exposição à radiação (cerca de 1 a 2 horas antes).



  1. Melatonina 


A melatonina é uma hormona segregada pela glândula pineal amplamente conhecida pelo seu efeito regulador do sono (e que na minha opinião é vendida/tomada de uma forma por vezes leviana)

Mas algo pouco divulgado é que a melatonina, é  também um agente antioxidante reconhecido que protege o ADN, os lípidos e as proteínas dos danos causados ​​pelos radicais livres. (3)(8) Para ter efeito radioprotetor é aconselhável que seja tomada antes da exposição à radiação (cerca de 1 hora antes).



  1. Mentha x piperita L. (Hortelã-pimenta)


Esta planta medicinal bastante aromática e comum nas nossas casas é sobretudo conhecida pelas suas propriedades digestivas, no entanto esta planta “banal” demonstrou capacidades protectoras frente à radiação ionizante.

Numa revisão de 2010 feita por Baliga e Rao sobre o potencial efeito radioprotetor da hortelã, foram revistas algumas pesquisas com Mentha piperita que mostraram que o seu extrato protegia órgãos radiossensíveis, como os testículos, bem como os sistemas gastrointestinal e hematopoiético. A revisão concluiu que a sua capacidade radioprotetora foi possível graças ao seu efeito como eliminador de radicais livres, antioxidante, quelante de metais e anti-inflamatório. (3)



  1. Própolis


O própolis é uma substância produzida pelas abelhas com conhecidas propriedades eficazes contra bactérias, vírus e fungos, mas neste caso destaca-se pela sua capacidade anti-inflamatória e antioxidante, possuindo um efeito radioprotector a nível celular, demonstrando capacidade de protecção ao nível das articulações (cerca de 44%), e reduzir o aparecimento de mucosite (inflamação das mucosas gastrointestinais que normalmente está associada ao tratamento com quimioterapia ou radioterapia). (3)



  1. Rosmarinus officinalis (Alecrim)


Bem comum na costa litoral e nos montes na península ibérica, o Alecrim é uma caixinha de surpresas, pois para além de ser óptimo para a memória, nele podemos encontrar dois princípios - ácido rosmarínico e carnosol  - que possuem capacidade de radioproteção perante os raios gamma (ex: cintilografia, radioterapia), tanto antes como depois da exposição à radiação. (3)




  1. Sesamum indicum (sésamo)


Utilizado  em receitas culinárias asiáticas, macrobióticas ou ayurvédicas, o óleo de sésamo é conhecido por ser uma fonte de ácidos gordos saudáveis, assim como um bom aliado da pele.

O sesamol é um componente que existe no óleo e nas sementes de sésamo (no entanto os estudos realizados foram com óleo de sésamo) e são-lhe atribuídas propriedades quimiopreventivas, antimutagénicas e anti-hepatotóxicas. 

O efeito radioprotetor de sesamol foi comprovado em estudos que utilizaram linfócitos isolados do sangue humano. Os autores atribuíram o mecanismo radioprotetor do sesamol à sua capacidade antioxidante e, por conseguinte, à eliminação de radicais livres e à sua capacidade de aumentar os níveis de enzimas antioxidantes endógenas. (3) (9)



  1. Vitaminas A, C e E 


Vitamina A 


A vitamina A, conhecida pelo seu efeito antioxidante e aliada da saúde ocular, é uma vitamina  lipossolúvel e tem como seus precursores os betacarotenos (provitamina A). 

Estudos in vivo, constataram que a administração desta vitamina - através da alimentação (*) -  tinha um efeito protector da radiação ionizante ao nível da produção de espermatozóides e ao nível dos pulmões, reduzindo a sua inflamação. (3) 

Nos pacientes com tratamento de  radioterapia para cancro de pescoço e cabeça, suplementados com altas doses de betacaroteno, observou-se uma redução de 62% dos efeitos adversos severos na laringe e noutras partes do corpo (4).


(*) Fontes de vitamina A que se encontra já formada nos alimentos: carnes, ovos, peixe e lacticínios. Fontes de betacaroteno (provitamina A) : batata doce, nêsperas, espinafre, cenoura, etc.



Vitamina C 


Este famoso e reconhecido antioxidante - ácido ascórbico - dispensa apresentações, sendo uma vitamina hidrossolúvel que tem capacidade de proteger o nosso ADN dos danos causados com radiação (ionizante e gamma).

Os estudos realizados demonstram diminuição das aberrações cromossómicas e dos micronúcleos nas células da medula óssea, quer tomada antes, quer depois da irradiação; evitando a descamação cutânea nas zonas do corpo irradiadas - (3).

Funciona ainda como um protetor eficaz das membranas celulares, especialmente ao nível do fígado, sobretudo quando conjugada com certos extratos de plantas medicinais (Vernonia amygdalina e Hibiscus sabdariffa) (11).



Vitamina E 


Esta conhecida vitamina (que podemos encontrar nos frutos secos, sementes, abacate, óleos vegetais, etc) tem um elevado poder antioxidante, sendo benéfica para a saúde cardiovascular, ocular e o bom funcionamento do sistema imunitário.

A família da vitamina E consiste em tocoferóis e tocotrienóis.

Os resultados obtidos dos estudos realizados demonstram que o gamma-tocotrienol foi muito mais poderoso do que outros tocoferóis. (3) (13) (14)

Concretamente, o gamma-tocotrienol induziu múltiplas alterações positivas nas vias celulares de resposta à radiação:  face ao stress oxidativo, em danos no ADN, além de melhorar a regulação das fases do ciclo celular, morte e proliferação celular. Também ativou vias que melhoraram a hematopoiese e a angiogénese. Deste modo, mais do que tomar simplesmente vitamina E, é importante que seja em forma de gamma-tocotrienol, para que o efeito radioprotetor seja mais potente e amplo.



 



Importante:


  • As informações deste artigo são meramente informativas, não devem ser postas em prática por doentes oncológicos sem antes consultar um profissional de saúde qualificado.


  • Se está a tomar medicação, tenha em conta que a mesma pode interagir com as plantas medicinais mencionadas, não inicie a toma de plantas ou suplementos alimentares por conta própria.


  • Os radioprotetores de origem natural apresentados de seguida foram selecionados como aqueles que considero mais relevantes (à data da elaboração deste artigo), no entanto existem outros.



FONTES:



  1. Gás radioativo natural, incolor e inodoro, que se origina da decomposição do urânio no solo, nas rochas e na água, podendo acumular-se em ambientes fechados, como casas e edifícios, especialmente em áreas com solos ricos em urânio. A exposição ao radão é um fator de risco considerável no cancro de pulmão.

  2. A radiação cósmica é originada do espaço exterior e interage com a atmosfera terrestre. Quanto maior a altitude, maior a exposição a esse tipo de radiação ionizante.

  3. “Últimos avances en radioprotectores de origen natural” José Miguel Soriano del Castillo; Alegría Montoro Pastor - Consejo de Seguridad Nuclear, Madrid

  4. “Randomized trial of antioxidant vitamins to prevent acute adverse effects of radiation therapy in head and neck cancer patients”

  5. Action of protoporphyrin-IX (PP-IX) in the lifespan of Drosophila melanogaster deficient in endogenous antioxidants, Sod and Cat

  6. "La clorofilina como modulador y protector de daño al ADN: experiencia en el ratón in vivo"

  7. “Radioprotective Potential of Plants and Herbs against the Effects of Ionizing Radiation”

  8. Melatonin as a radioprotective agent: a review

  9. Radioprotective effect of sesamol on gamma-radiation induced DNA damage, lipid peroxidation and antioxidants levels in cultured human lymphocytes”. 

  10. “Radioprotection of sensitive rat tissues by oligoelements Se, Zn, Mn plus Lachesis muta venom”

  11. Protective effects of extracts of Vernonia amygdalina, Hibiscus sabdariffa and vitamin C against radiation-induced liver damage in rats

  12. Protective effects of a water-soluble extract from cultured medium of Ganoderma lucidum (Reishi) mycelia and Agaricus blazei murill against X-irradiation in B6C3F1 mice

  13. The Vitamin E Analog Gamma-Tocotrienol (GT3) Suppresses Radiation-Induced Cytogenetic Damage

  14. Gamma-Tocotrienol Modulates Total-Body Irradiation-Induced Hematopoietic Injury in a Nonhuman Primate Model

  15. “Use of Ganoderma lucidum (Ganodermataceae, Basidiomycota) as Radioprotector”







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